Infância
Olho bonito pequeno redondo
À espreita de um mundo que é pura suspeita
Mas sabe que existe
Que a alma não mente o saber
De arregalado, alcança a distância
Vê mais além por pura inconstância
Que um olho pequeno bonito
Parado não é normal
Vai pela vida
Pequeno alado
E traz de volta aos olhos
O sonho acordado
Traz de volta as asas
A quem quer voar
E devolve à minha vida
O meu olhar
O meu olhar
Alma inquieta num tempo dormente
Vício de andar sempre contra corrente
Sina de querer sempre mais do que lhe dizem ser
Veio do tempo em que andava a contento
A galope na sede de ser descontente
Nem sina traçada
Nem hora marcada aceitou
Vai pela vida
Pequeno alado
E traz de volta aos olhos
O sonho acordado
Traz de volta as asas
A quem quer voar
E devolve à minha vida
O meu olhar
Talvez por isso, desdito o destino
De pouco homem já de pequenino
Ditou à vida
Escolheu a sorte
Fez-se à medida
Fez frente à morte
E acreditou no que havia a fazer
Que a alma não mente o saber
Vai pela vida
Pequeno alado
E traz de volta aos olhos
O sonho acordado
Traz de volta as asas
A quem quer voar
E devolve à minha vida
O meu olhar
O meu olhar
O meu olhar