História de Uma Caçada

Mano Dias

Eu fui fazer uma caçada
Levei meu cusco viadeiro
Saímos costeando a sanga
Eu e mais meu companheiro
Depois cortemo a coxilha
Cruzemo lá no grotão
Se topemo com furneiro
Ligeiro igual furacão


Quando os cachorros bateram
Foi aquela estrela estralaçada
Ele desceu virge virge
Em direção a morada
Eu disse para o companheiro
Esse não chega na toca
Nos dentes da cachorrada
Estralava que nem pipoca


Meu companheiro levou
Uns cachorro que eram um luxo
Tinha o tal de cabeça
O pistola e o cartucho
É uns cachorrinho pequeno
Mas muito bueno no campo
E para correr uns furneiro
São ligeiro igual relâmpo


Saímos a boca da noite
Voltemos ao clarear do dia
Trouxemos uma bolsa cheia
Caçemo a reveria
A noite era escura
Que nos valeu a lanterna
Meu companheiro cansou
Que vinha trocando a perna


Levou um litro de canha
E ele sozinho tomou
Enquanto não deu o fim
Coitado não sossegou
Trepava em tudo que é pedra
Trepava até nos cupim
E se eu tirava no chão
E o que que vai ser de mim


Para nós chegar até em casa
Rezei uns cinco pai nosso
Ele dizia me leva
E eu dizia não posso
Ele mal que era um peixe
Só porque se embriagou
Nessa caçada eu comi
O pão que o diabo amasso

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