Fazer de Morto

Conheci-o numa tarde de chuva
Quando as resinas coloridas que lhe simulavam danos cerebrais
Lhe escorriam pela cara e lhe empapavam o colarinho
Vinha inaugurar uma exposição de quadros abstractos
Que eram uma sucessão de volumes vagamente parecidos com dunas
Dando a ilusão de um corpo humano em movimento
– A morte não é mais do que uma predisposição para a horizontalidade
Disse-lhe à queima-roupa

P'ra fazer de morto
Basta só no chão
Esticar o corpo
Estender o corpo
(Salvação meu irmão)(x2)

Mais tarde, enquanto fazíamos um passeio nocturno
Por entre as torres de betão vazias e as massas de pneus
Amontoados no descampado debaixo da via rápida
Contou-me que a mulher o trocara pelo melhor amigo
– O seu corpo tem a forma das minhas mãos
Disse-me com irreprimível entusiasmo
– No fundo, é como se tivesse sido desfigurado
Num repentino acidente de automóvel

P'ra fazer de morto
Basta só no chão
Esticar o corpo
Estender o corpo
(Salvação meu irmão) (x2)

P'ra fazer de morto
Basta só no chão
Esticar o corpo
Estender o corpo
(Salvação meu irmão) (x2)

Leva-me
Nascer e morrer
E não nascer
E não morrer

Trivia about the song Fazer de Morto by Mão Morta

When was the song “Fazer de Morto” released by Mão Morta?
The song Fazer de Morto was released in 2010, on the album “Pesadelo em Peluche”.

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