Nuvens Bárbaras

Ouço ranger as rodas dentadas do devir
A esmagar os tendões do tempo
Derrubando as árvores
Estilhaçando as pedras
Aproximando as ruínas

As tempestades tumultuosas que varrem as trevas
Trazendo o ocaso de um mundo em extinção
Engalfinhando as águas
As chuvas dos céus
Deixando as nuvens cair como granizo em flor

As cidades devastadas pela veloz língua do vento
O fogo crematório saltando
Enfunado
Cheio de ventos e marés
Numa velha imagem desenhada
Pela mão venenosa de um pesadelo
Vinda do sono
Em direcção ao princípio de todas as coisas
Os músculos vencidos
O corpo retende
Sem forças
Carcomido pela doença
Vergado pela dor
O eco batendo
À procura de uma resposta
Que só a húmida terra tumular
Pode fornecer

O presente envenenado pelas nuvens da barbárie
O futuro já não é
Uma fonte de esperança
Só nos resta a indigência
Ou morrer de morte certa
Como heróis de pechisbeque
Neste grande fogaréu
De aparato e opulência
Em que farra o capital

O futuro já não é o que era
Esgotada a reserva de alento
Que transforma a vontade em metáfora do novo
E em renovação de expectativas
Tudo parece caminhar p'a pior
Sem a perspectiva de um qualquer golpe de asa
Capaz de inverter essa direcção

E com isso
Cresce a certeza de uma iminente explosão incontrolada
E de consequências imprevisíveis
E que pode significar o fim doloroso
De todas as referências
Mas também o início
De uma aventura sem par
De exaltação da vida
E da entrega incondicional
Às paixões mais arrebatadoras
E amotinadas

O presente envenenado pelas nuvens da barbárie
O futuro já não é
Uma fonte de esperança
Só nos resta a indigência
Ou morrer de morte certa
Como heróis de pechisbeque
Neste grande fogaréu
De aparato e opulência
Em que farra o capital (x2)

Trivia about the song Nuvens Bárbaras by Mão Morta

When was the song “Nuvens Bárbaras” released by Mão Morta?
The song Nuvens Bárbaras was released in 2014, on the album “Pelo Meu Relógio São Horas De Matar”.

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