Dois de Junho
No país negro e racista
No coração da América Latina
Na cidade do Recife, terça-feira
Dois de junho de dois mil e vinte
Vinte e nove graus Celsius
Céu claro
Sai pra trabalhar a empregada
Mesmo no meio da pandemia
E por isso ela leva pela mão
Miguel, cinco anos
Nome de anjo
Trinta e cinco metros de voo
Do nono andar
Cinquenta e nove segundos
Antes de sua mãe voltar
O destino de Ícaro
O sangue de preto
As asas de ar
O destino de Ícaro
O sangue de preto
As asas de ar
No país negro e racista
No coração da América Latina