No ABC da mangueira

Me ajustei numa fazenda no rincão de Paraí
Pra domar os aporreados que residiam ali
Entre bufos e pataços fui ajeitando os malinos
Tirando baldas e manhas desses veiacos teatinos
Sou do Rio Grande
Sou ginete e domador
É no lombo de um cavalo
Que a vida tem mais valor

Tinha um alazão malucara
Refugador de porteira
Desses potros caborteiros
Que não param na mangueira
Com toda tranqüilidade fiz o bocudo formar
E se topou com minhas garras
Pra modo me respeitar

Meu mango mostra o caminho
Pra estes malevas do pago
Se não amanso por bem
Por mal comigo eu trago
Mudo o rumo de um veiaco
Sempre grudado no arreio
Deixo marcado a espora
Esses diabos sem costeio

Passei um mês entretido
Lidando com a cavalhada
Pois pra arrucinar o potro
Eu levo a vida flauteada
Ser domador é uma arte
Da rude escola campeira
Gaúcho aprende a matéria
No ABC da mangueira

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