Invernito Lasqueado
Este inverno anda brabo
Na zona do Caiboaté
De nego dormindo em poncho
Com um par de botas nos pé
A cousa não anda fácil
De congelar bebedor
De engrossar pelo de égua
Tropeando o corredor
As oveia andam parindo
Ovelhama vindo aos lote
No sinistro das aragens
Carancho come os fiote
Madrugada nasce branca
De geada na pedra moura
Mão de velho encaranga
Cusco rengo não acôa
A sorrama sai da grota
Quero-quero grita à toa
Vaca mansa esconde a cola
Castigada de garoa
Galo novo afia as puas
Abre o bico e não entoa
Índio veio, por campeiro
Puxa as brasas pra cambona
Primavera vem chegando
Os dias ficam mais largos
O gosto da vida é outro
Na espuma do mate amargo