Milonga Véia Gaúcha
Uma enxugada nas vista, uma chuleada pra riba
Uma adulada na prenda, uma atracada no mate
Uma milonga das buenas, uma ponchada de amigos
Uma gateada de tiro, um quero-quero de alarde
Uma saudade tropeira, uma ansiedade fronteira
Uma paisagem pampeana, uma vidinha rural
Uma pealada nos planos, um verso fora do bando
Um jeito de milonguear
E conversa vai, e conversa vem
A milonga é quem lida pra pensar
Atiço a lenha no fogo a gosto, no campo das idéias
Ouvindo o berro do gado alçado no pasto cheirando a terra
Pelos fundões de fazenda, morena, ando lavando a alma
Campeando as coisa do pago montado nos bastos da palavra
Tapeando o pó do sombreiro, amigo parceiro eu topo qualquer parada
E ainda gasto nos quartos de lua, lonjuras, grudado nas garras
Batendo estribo contigo amigo parceiro eu boto o pé na estrada
E ainda guardo de inhapa na capa da gaita um furo de bala.