Chico Baque e o Cálice
Ei
É cidadão que lê jornal
É cidadão que é bem informado
É cidadão que é mal formado
É cidadão que anda armado
É cidadão que paga imposto
É cidadão que fala grosso
É cidadão que fala o certo
É cidadão que faz o oposto
É cidadão que prega o bem na quinta
É cidadão que faz o mal na sexta
É cidadão que diz que ama família
É cidadão que machuca a filha
É cidadão, é cidadão
É cidadão que anda fudendo o cidadão
É cidadão, é cidadão
É cidadão que anda fudendo o cidadão
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Não diga que desse sangue não me sujarei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Não diga que dessa carne não provarei
É cidadão que quer direito
É cidadão que não endireita
É cidadão que quer respeito
É cidadão que vem me peita
É cidadão que olha no espelho
É cidadão que vê o exemplo
É cidadão que lava a mão
Mas não lava o próprio espelho
É cidadão que faz o certo lá no culto
É cidadão que faz o errado dentro de casa
É cidadão que caga regra, vixe nu
É cidadão que não lava o próprio cu
É cidadão, é cidadão
É cidadão que anda fudendo o cidadão
É cidadão, é cidadão
É cidadão que anda fudendo o cidadão
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Não diga que desse sangue não me sujarei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Em nome do pai, do filho e do cale-se, ei
Não diga que dessa carne não provarei
Sentar no almoço de domingo
Olhar o diabo cara a cara
Fingir um sorriso
Enquanto come carne mal passada
Cê pergunta de quem é o sangue?
Ele pergunta de quem é a casa?
Cê muda de assunto
Ele arrota moralismo na sua cara
Pai afasta de mim essa culpa
Pai afaste-se de mim eu não te culpo
Pai afasta de mim essa desculpa
De querer ver o teu sangue em um expurgo
Como olhar pra essa gente amarga?
Estragada pela dor, engolida pela labuta, ei
Eu tenho medo de ficar assim, ei
É por isso que eu me banho nessa chuva
Quantos carnavais, quantas lágrimas de março
Quantos presidente burro pra entenderem o estrago
Quanto confete e purpurina nessa lama do descaso
O bloco passa, mas o erro fica registrado
Pra que tanto moralismo estúpido?
Lição de moral não te coloca em um púlpito
Tire da cara esse seu sorriso esculpido
Antes ser um pecado do que um mentiroso surdo
Ei, de que adianta ser filho da Santa?
Seria melhor ser filho da Luta
Eu tenho medo de ficar assim
É por isso que eu me banho nessa chuva