O Sino

André Vac

Lá lá de longe
Ouço bater
O velho sino
Me faz tremer

Dentro da cela
Vela a queimar
Brilho opaco
Negro luar

De trás da porta
Ouço chegar
Pesado passo
Bem devagar

Passa o tempo
Passa das seis
E o velho sino
Bate outra vez

Vento sinistro me esquece, me deixa dormir
Que ela me clama, me chama, mas não quero ir
Dona no porto dos mares do desconhecido
O meu barco já vem

Num salto um susto
Abro meus olhos
Estive longe
Preso em meus sonhos

Vejo a luz fraca
Da mesma vela
E a mesma porta
Da mesma cela

Minha lembrança
Já se perdeu
Mas o passado
Não me esqueceu

Dentro do peito
Toca outro sino
Que acorda um monstro
Que está dormindo

Entre as paredes da cela eu escuto gritar
Toda a cidade em fúria que vêm me buscar
Em minhas mãos o pecado
E meus olhos não esquecem aquela visão

Em meu pescoço
Tem um cordão
E a minha volta
Nenhum perdão

E num suspiro
O chão sumiu
Meu corpo fraco
Cai no vazio

Dona do porto, o meu corpo não é corpo mais
O mar não está mais revolto, eu posso ir em paz
Que entra a neblina eu já vejo
O meu barco parado na beira do cais

Frio é meu peito
Que não badala
E o velho sino
Nunca se cala

Trivia about the song O Sino by Memorias de Um Caramujo

When was the song “O Sino” released by Memorias de Um Caramujo?
The song O Sino was released in 2014, on the album “Cheio de Gente”.
Who composed the song “O Sino” by Memorias de Um Caramujo?
The song “O Sino” by Memorias de Um Caramujo was composed by André Vac.

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