Imundos Cavalheiros e Senhores Trogloditas
Decapitamos as folhagens
Que perfumavam o calabouço
Cada centavo foi gasto
Tentando ocultar o mau gosto
Em meio à introdução
Do caos aparente
Restabelecemos a desordem vigente
Na cronologia mortuária eis
Um breve ensaio
Sobre a sádica e sórdida supremacia
Os bípedes domaram quadrúpedes
Os símios subestimaram seus primos
O humanoide humanizou os homens
O homo sapiens colonizou seus vizinhos
Os egípcios superaram os nômades
Os incas suplantaram os maias
Ou seriam astecas, enganando
A banca, para fechar a trinca e povoar as praias?
Tribos matando tribos
A maior herança das involuções
Matamos dentro das cavernas
Do parlamento às favelas
Nos palácios, nas mansões
Trucidamos a generosidade
Massacramos a misericórdia
Compreenda o fato que nos define
Exterminar é nossa maior vocação
Os gregos lograram troianos
Os romanos torturaram cristãos
Os romanos dominaram os gregos
Os cristãos perseguiram pagãos
Os franceses atacaram ingleses
Os ingleses revidaram de antemão
Escoceses, irlandeses, gauleses
Se engalfinhando por um reino
Desunido, desnudo e sem pão
Fariseus, hereges, sodomitas
Pervertemos, desvirtuamos
Estatizamos, privatizamos
Adulteramos, destituímos
Terceirizamos, capitalizamos
Produzimos, consumimos
Apodrecemos, enterramos
Estupramos o globo
Com nosso glorioso estilo
Escravizamos nossos irmãos
Catequizamos nossos irmãos
Civilizamos nossos irmãos
Violentamos e aguardamos gratidão
Estamos exatamente onde não deveríamos
Tudo o que fizemos é errado
Somos erros incompreendidos
Nenhum de nós é culpado
Nenhum de nós será lembrado ou esquecido
Desleixados, baderneiros, perfeccionistas
Somos todos meros antagonistas
Vivendo, entre imundos cavalheiros
E senhores trogloditas
Somos meros antagonistas
Somos todos perfeccionistas