Na Terra dos Brutos
Mais um dia
O Sol não nasceu,
A luz lá fora não é natural,
Mas afinal,
tudo hoje em dia é artificial.
Os alimentos não têm mais sementes,
E mesmo que tivessem o solo é contaminado,
E as proteínas são carentes,
por isso vivemos doentes e cansados.
A escuridão sobrevoa nossos corpos,
Esperando por lamentos para se alimentar.
Como vim parar aqui ?
Essa é a única pergunta que não respondi,
Essa é a única resposta que não entendi.
Não sou nem a poeira
Ou a sombra do que fui um dia,
Precisei mudar para sobreviver,
Precisei matar para não morrer.
Meus sonhos se foram,
meus pesadelos se realizaram.
E aqueles que eu não conhecia,
Não me pouparam,
Arrancaram minhas alegrias, mas eu revidei,
E acabei com as agonias que me sufocaram.
Hoje não sofro, nem vivo,
Nem espero nada de ninguém,
Nesta data tão ferida,
Coberta de sangue e marcada por lutos,
Meu corpo jaz paciente
Sem inquietar-se com os vultos do além,
Descanso na terra dos brutos: onde os valores não valem.
(Maio de 2008)