Chegada

Miro Saldanha

Eu tenho a sede nos lábios
De dores, a alma cheia
Nos olhos marejo ânsias de chegar
Eu venho de muito longe
De onde a fome campeia
Não trago histórias bonitas pra contar

Migrei de campo e semente
Pra não mais ter que semear
E herdei a sina inclemente
Dos que não têm pra plantar
Segui os rastros deixados
Pelos que ousaram sonhar
E os ossos dos desgarrados
Me diziam pra voltar

Voltei pra o berço da Pampa
De onde, um dia, parti
Reconheci minha estampa
Em cada sanga daqui

Meu zaino, quase cansado
Fareja o chão da querência
Juntando as forças que restam pra chegar
Andei por terras estranhas
Cinchando a sobrevivência
Mas o que deixei aqui, não tem por lá

Só trago versos tristonhos
Que a solidão faz cantar
Na concha das mãos, os sonhos
Que ainda pude salvar
Segui os rastros deixados
Pelos que ousaram sonhar
E os ossos dos desgarrados
Me diziam pra voltar

Voltei pra o berço da Pampa
De onde, um dia, parti
Reconheci minha estampa
Em cada sanga daqui

Trivia about the song Chegada by Miro Saldanha

When was the song “Chegada” released by Miro Saldanha?
The song Chegada was released in 2013, on the album “Mescla Latina”.

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