Amargo

Nas veias
Um veneno vivo
A serpente
Nas frestas do abismo


E as câmaras do coração encaixam-se e se moldam


Num terremoto contínuo e vital
Vermes
Vazios
Ativos
Vivos e vampiros


Pelos olhos, pelos sorrisos
Nas lágrimas que escorrem para o lago
O ferrão do escorpião que crio sob a pele
Não mais me serve de cura
De guarda


Afunda minha sanidade
E aquilo que aspirava ter certeza
O nada coletivo amarga


Do cavalgar no leão alado
Para um quebra-cabeça de barro
Num lago de espelhos
Pulsos cortados
Infectados


No peito uma bomba relógio fecunda uma mãe meretriz
Que põe no mundo benditos bastardos
Mastigados e devorados por ternuras vis
Visceral ternura de pedra e morte
Que espera no abismo pelo caminhante sem sorte
Pulsando num compasso bizarramente cósmico
Dócil e natural
Ternário
Caótico

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