Deixa de Ser
Pensa rápido, do berço à lápide há velocidade
Não há um mês apático nem um ano sabático para a felicidade
(E eu?)
Não fico lazy com o êxito ou alucinado
Eu leio ideias em papéis emocionado
Impulsionado por amor até à morte, sempre íntegro
Foco é duradouro desde a porta 120
Quando o rap era uma troça de um povo em pose abrunhosa
E agora já ninguém goza e a minha voz é valiosa
E eu nunca faço prosa com prazo, eu engrosso a folha
Fujo à overdose saloia, eu 'tou fora da vossa bolha
Onde toda a gente mosha, mas nem todos são b-boys
E para não bater na rocha eles têm que ser rouxinóis
O respeito não se compra
Nem com o patrocínio mais chorudo (nah)
Nem com graxa, nem que um dia tu comprares saúde
Eu sou a sina da minha saga e eu sigo-a
Mesmo que eu não consiga finalizar a minha sigla
Não há grua na minha liga só porque a fama te içou
Não há coroa na barriga, só um cronograma tissot
E eu não cedo a nenhum parceiro para ser o teu selo azul
O meu cd sai no meu selo
E o meu selo ainda é o meu casulo (quarto mágico)
Sou indie, bitch
E mesmo assim não há bilhetes
Não preciso de galardões com balões e alfinetes
Porque eu tenho a fome de um benjamim
Vida nunca fez-se a mim
Agarrei-me à zona e quando a vês
Tu nunca a vês sem mim (chelas)
E em tour acho que tu verás quem é o voraz
E eu não preciso de uma entourage que me encoraje
Na bagagem não há plágio, há só a sede de um mancebo
Um morcego na aprendizagem e o Sol a aparecer bem cedo
E o prazer é quando ignoras um ponteiro a virar horas
São nóias que ainda tenho, é um ano inteiro a ver auroras
Enamoras o distinto e quando te empolgas não há folgas
E controlas o destino que tu farolas como tarólogas
Porque eu não vou deixar de ser
Sei bem o que vim cá fazer
O dia não me cai do céu
Não é tão diferente do teu
Dá-me um tempo para aprender
Só vais ver o que queres ver
A chama ainda não se perdeu
Corro por gosto no céu
É só fazer
Meu caro amigo o respeito não cai do céu
E se trabalhar é um crime prefiro o banco do réu
Porque eu nunca dormi na sombra
Sou quem bomba na penumbra
Nunca tropecei no lingote de ouro que te deslumbra
É o foco que coloco neste bloco que invoco
Toco almas que convoco com falsos não me equivoco
Inspiro e provoco o crânio em simultâneo
Choco neurônios, desloco, idôneo quarteto monobloco
Ode ao bloco que junto ao lote de outros tantos repletos
Versos dispersos impressos em múltiplos universos
Duplo sentido cruzado com triplo significado
O teu vocábulo é o resultado de um ciclo crucificado
Codificado para o ego gaseificado
Cego pelo sucesso facilitado desse número em excesso
Que te é comprado
Não meço homens com palmos, endereço homens com salmos; tu?
Com o fogo no cu, nós 'tamos calmos
Porque eu não vou deixar de ser
Sei bem o que vim cá fazer
O dia não me cai do céu
Não é tão diferente do teu
Dá-me um tempo para aprender
Só vais ver o que queres ver
A chama ainda não se perdeu
Corro por gosto no céu
É só fazer
Porque eu não vou deixar de ser