O Sequestro

Naldinho

O vítima num caixa eletrônico
Ele pensa num sequestro relâmpago
Pensa na fome que passa os irmãos
Foi na bocada e pegou emprestado um 3 oitão
Seu estado é de vingança
Sua mãe tá em casa cuidando das crianças
O esquema é perigoso mas ele não tem medo de morrer
Ou de sentar o dedo
Assalto sempre tem repressão
É embaçado, não é mole não
Mas ele segue em frente
Com medo talvez não seria diferente
Vinte e cinco anos de idade
Criado no lado esquecido da cidade
Mais um sofredor, mais um mano do gueto
Discriminado, imagine o porque (por que?)
Ele viu uma boyzinha desfilando
Metendo mala, de carro do ano
Essa ai é sujeira, tá escoltada
Ele imagina ele xinga, arrombada
Ele se encontra no veneno
Sem oportunidade de trabalho ai vai vendo
A sociedade sempre fecham as portas
Pro povo da periferia, ai é roça
Nossa gente tá abandonada
Nossa gente é esquecida, é mal cuidada
Sem emprego sem solução
Ai é onde o crime cria mais um irmão
E então, ele vai caminhando
Na estrada da vida, imaginando
Se perguntando por que
Isso acontece com seu povo e com você
Ele tá trepado
Com um oitão de 6 tiros refrigerado, cromado
E entupido até a boca apetitoso vai então
Na correria pro seu povo
Ele decide que sua alma e sua vida
Por ele mesmo será conduzida
Se playboy reagir, ai o bicho pega
Quem vive na periferia, não é comédia
Ninguém é cão, mas ninguém é santo
Porém o homem, não agüenta passar fome
Quem vive no veneno tá ligado
Só nessa porra ai ladrão, é embaçado
Ele imagina que a saída pra sair do desespero
É ser inteligente e arrumar um cativeiro
Agora ele pensa em outro plano
Pra ter sossego na vida por vários anos
Ele tá no veneno mas não é lock
Quer fazer uma fita grande, uma fita forte
E se ele vai nessa, e se ele roda
É vários anos de cadeia pro irmão ai é foda
Ele agora tá voltando pra quebrada
Foi devolver o oitão que pegou lá na bocada
Seu pensamento agora vai mais além
Ele vai se preparando pro que vem

Mais um irmão
Da periferia
Morto na correria

Ele volta à sua goma normal
Nada mudou tá tudo igual
Sua mãe os muleque no veneno da pra ver
Ele imagina ai ladrão, vou resolver
Vai no role encontra os manos e liga
O que pretende fazer, pra sair dessa vida
Agora o esquema é forte, é pânico
Não vai ser fácil, não é relâmpago
Reunião com os irmãos pra descolar um cativeiro
Sem chamar a atenção
Ai ladrão
Uma goma bem distante pra quebrada não sujar
Se a casa cair, outros manos não rodar
Esquema básico montado
A goma e o cativeiro, vai ser prum outro lado
É nossa povo no veneno é nosso gente mal cuidada
Que deixa a periferia revoltada

Mais um irmão
Da periferia
Morto na correria

O cativeiro, tá no esquema
Bem escondido, sem problema
O esquema é forte e ele quer fazer
Se tiver que matar, se tiver que morrer
Antes de tudo, tudo é estudado
Pois não é fácil e tem que ser bem bolado
E ele encontra no crime a saída
Pra acabar com o sofrimento em sua vida

Mais um irmão
Da periferia
Morto na correria

É chegado a hora de agir
Mais um da classe alta agora vai sumir
Ele tá ligeiro ele tá apetitoso
Com o dedo no gatilho, venenoso
Rendeu a vítima na ida pro trabalho
Não houve reação mas não é fácil pro irmão
Ele pôs a sua vítima e cárcere privado
Até o momento como tava bolado
Foi dando início pra fazer o contato
Com a família da vítima e não vai ficar barato
Preço do resgate, negociação
Pra então mudar a vida do irmão
Cinco dias de negociação
Tudo firmado, a vítima, um homem, vai ser liberado
Mesmo que o dinheiro não chegasse na hora
Combinado mesmo assim a presa ia embora
No cativeiro, encapuzado
A vítima estável, em cárcere privado
Porém foi tratado, não foi judiado
Deixar alguém na tortura, ai é loucura
O irmão combinou
Vai receber o resgate onde ele falou
A polícia afastada, como ele pediu
Mas é mentira, a família da vítima mentiu
O mundo é cheio de crocodilagem
Gente rica é pura pilantragem
Não sente pena, não tem dó
Quer ver meu povo cada dia pior
O mano se aproxima, pra receber o resgate
De repente um ataque
A polícia cercou dando ordem de prisão
Ele não se entregou revidou ai então
Encheram o mano de bala
E ele ficou mal, morreu no local
É a vida real que acontece todo dia
Matando os irmãos da periferia

Mais um irmão
Da periferia
Morto na correria

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