Cidade Cemitério

O sol do relógio da Central
Num é o mermo de Saracuruna
A lua que ilumina o ramal
É sol pra quem bem cedo apruma

E inventa o trocado
Rascunha o espaço
É bom ficar ligeiro
Cada condução, um bairro inteiro
Viver como gado
De gente entulhado
Quarto de despejo
Desocupação, mais dinheiro

Essas estradas e ruas
Esquinas, envergaduras
Cheiram a sangue do Cabeça-de-Porco
Canudos à Providência
Deus, não conceda a clemência (!)
Pros Donos do Poder
E os cérebro oco

Das Cidades Cemitérios
Aos Lucros do Capital
Guardam um passado
Pra além do que os olhos podem ver
Resistiu o Trem do Samba
Valongo, Pedra do Sal
Meu pai vendendo disco em frente ao Paço Imperial

Vale transporte não sustenta
O preço da passagem aumenta
E se na linha tem buraco a gente entra
E o povo segue em clemência
Retrato da resistência
Contra o fantoche estampado na presidência
20 centavos
Me lembrou do vintém
Século 19 era no bonde
Hoje o calote é no trem
Muitos resquícios do passado
Vejo aqui, porém
Linhas do tempo ramificam
Variando à quem convém
Da Reforma Passos à reforma Paes
Seguimos procurando o caminho do paz
Salve João Cândido descanse em paz
Um monumento escondido ali no antigo cais
Dos barões ao extermínio
Baixada ainda é colônia
Fardas sem distintivos
que controlam as zonas
Trabalhadores, uni-vos, sua força existe
A pedra fura de tanto que a água persiste!

A ponte pro futuro ainda nos leva ao passado
Trabalho máximo, salário mínimo
Com a promessa de pão pra hoje e fome pra amanhã
Nossos alarmes disparam à queima roupa
E pra eles, tudo morno e brasileiro

Most popular songs of Nato

Other artists of Pop