Lavadeira Do Uruguai
Com a trouxa na cabeça rumo ao povoado se vai
Dona primitiva Ismalia flor pampa que se retrai
Crioula da cor de terra lavadeira do Uruguai
Ajoelha junto ao rio a cantar com a correnteza
Lavando suores profanos dos ricos da redondeza
Vê o lombo do dourado que falta na sua mesa
De pensar em suas misérias de tão magras alegrias
Mal pucheiriada, mas tesa com as crenças e rebeldias
Numa mistica certeza que virá melhores dias
Quando quer fingir alegrias vai no Nicasso gaiteiro
Tomar licor de pitanga, devagar sentindo cheiro
E sacudir as pelancas num compasso missioneiro
Antes também foi chibeira, formiga no outro lado
Trazendo galheta e papa, carne e azeite engarrafado
Hoje vê a outra margem com olhar embaciado
No velho rancho crioulo, quando a noite nos alcança
Primitiva é claridade desafiando uma reza mansa
A Santo Inácio de Loiola padroeiro da esperança