No compasso da gaita
Com minha gaita no peito
cansei de fazer proeza
Montei no lombo da rima
pra ginetear a tristeza
É com esta minha gaita
que eu ponho o pão na mesa
Mesmo sendo pobretão
Com minha gaita na mão
eu dou um chute na pobreza
Quando eu abro a minha gaita
me desmancho num floreio
Com a força do meu cantar
quanse rebenta no meio
Ronca e geme nos meus braços
que até me ensina o compasso
e o jeito do sapateio
Minha gaita é meu altar
o teclado um oratório
já tocou festa de Igreja
casamento até velório
até o diabo se me escuta
vai dançar no purgatório
É uma china resmuguenta
que até velho de setenta
não aguenta seu falatório
Tudo aquilo que consigo
vem desta gaita singela
Já fiz coroa chorar
e também muita donzela
lourinha cor dos trigais
morena cor de canela
com minha gaita modesta
já tomei conta de festa
cantando e tocando nela