Catástase
[Intro]
Independente do que eu fiz, minha filha
Jamais, jamais vou deixar de ser seu pai
Infelizmente algumas coisas não podem mudar
E eu não posso consertar o passado
Eu já entendi tudo o que aconteceu
Porquê não me chama pelo meu nome
Porquê não olha nos meus olhos e nem me chama de pai
Eu sei que você me odeia
Eu sei que mereço isso
Então ande logo
Aperte essе gatilho e faça o que veio fazеr
[Verso 1]
Quantos anos arquitetamos planos
Vejo tudo o que planejou, dedo no gatilho, cano
No peito do sujeito que um dia chamou de pai
Cai desfeito nesse solo e terás um golo de paz
Tá tudo armado, então ficarei desarmado
Jogo tudo no chão, de morte fui condenado
Não imaginei o tanto que magoei seu coração
Pra achar que me matar seria a solução
Se puxou o oitão pra acertar esse cara
Que tá na sua direção, você me acerta, filha, para
Com essa encenação e faça o que veio fazer
Mereço toda a punição por tanto que te fiz sofrer
Juro que não lembro os detalhes, é como um manto
Posto nos lugares pra lembrar de todo o pranto
Às vezes tenho pesadelos e vejo quanto fui mal
Colho o que planto, então acabe com esse animal
[Ponte]
Pedir perdão? Perdão pelo quê?
Acho que esqueceram de te contar
Que não me lembro de nada
Tenho apenas imagens fragmentadas na minha cabeça
No meio de alguns surtos psicóticos
E quando acordo, parece tudo normal
E começo novamente o ritual de procurar vocês
[Verso 2]
Tenho a mente cheia de ódio e nossa casa
É mais vazia que um tubo de vácuo feito pela NASA
Vejo o porta-retratos, são tratos com o passado
Abstrato, parece distante ter você do meu lado
Agora tá na minha frente com olhar indiferente
Protegendo um delinquente, o que fiz na sua mente
Sei que fui culpado, mas tem algo errado
Na minha cabeça, então acabe logo com o meu fardo
Queria tá do seu lado nos momentos
Que precisava de um pai, mais causaria só sofrimentos
A distância foi o remédio e a dor o intermédio
Perdi contas das vezes que estava em cima de um prédio
Pensando: pulo ou não pulo? e via seu rosto
E o sentimento ficava nulo, hoje é o oposto
Entrou na minha frente pra simular ser a presa
Se puxa o gatilho, me acerta na legítima defesa
[Ponte]
Várias vezes já estive a beira da morte
Já vi meu corpo sagrar
Mas nunca senti isso na alma
Nenhuma dor que já saboreei
Teve um paladar tão amargo
Então acabe logo isso, vamos!
[Verso 3]
Seu dedo treme como um leme em tempestade
Pelo menos encene estar perene na atividade
Na verdade, cresceu lembrando dos meus surtos
De quando ouvia vozes e digladiava com os vultos
Só tenho uma carta e uma voz dizendo: "Parta!"
Sei que fugiram do algoz que por nada mata
Pra que essa armadilha? Continua sendo minha filha
Conhece meu lado humano, não só o insano Gorila
Tô na sua mira, aperta, atira, não tava no plano?
Claro que não contava que veria meu lado humano
Há tempos tô tentando achar a morte no bang
Encontrei a sorte, é perder para o meu próprio sangue
Tenha coragem, sei que não és covarde
Respira, lembra a imagem, sei quanto o peito arde
Se essa é sua missão, matar um mutante de guerra
Hoje é o dia que o conto do King se encerra