Manhãs
Amanhece no pátio das casas
Na minha casa, não é diferente
A luz da rua ainda acesa
A noite insiste em marcar presença
O bom dia do leiteiro na porta
A mãe que chama para o colégio
E eu como sempre, sempre atrasado
Bom de conversa e o tema incompleto
O dia aos poucos vai se apresentando
A vida nasce com o Sol na janela
O vizinho na horta falando
- Êta geada, que mata e congela!
Cinamonos em volta da casa
A liberdade da cerca de hortênsias
O meu pai reclamando o governo
Minha mãe ouvindo com paciência
Cantar a terra
Por onde for!
Manhãs tão belas
Do interior!
E na frente da Prefeitura
Dona Alicinha hasteando as bandeiras
A feira-livre no final da rua
Sol ou chuva, toda a quarta-feira
O apito do engenho que avisa
Tá na hora do café das nove!
Na esquina, a conversa animada
Tudo se sabe, tudo se resolve
Ói que lá, já vem vindo o padeiro
A criançada brincando de boi
Jogo de bola na rua descalça
Uma saudade de alguém que se foi
Ô de casa dá licença! Vamo entrando!
O milagre do simples se faz
Na pequena cidade o meu mundo
As manhãs eram grandes demais!
Amanhece no pátio das casas