Corcóveo de Bagual
Corcoveador lá da estância do seu Chico
Ouviu boato e fuxico que não teve domador
Este cavalo ganhou fama na região
Deixou estendido no chão quem no seu lombo montou
Me fui pra lá, para conhecer a fera
Eu sou um tal de índio qüera meio louco da cabeça
Saltei no lombo me deu um frio no espinhaço
Risquei de espora e mangaço, fiz se virar as avessas
Levou no peito a porteira do alambrado
E corcoveando furtado se acarquemo campo a fora
Saiu bufando, jogando terra pra trás
Parecia o satanás vindo do inferno nessa hora
Ganhei o potro presente por ter domado
Tranqueia de atravessado que é da minha estimação
E me casei com a filha do seu Chico
E pra não viver solito entreguei meu coração
Eu sou feliz vivendo aqui na estância
Hoje só resta a lembrança daquele corcoveador
Minhas esporas eu deixei pra algum herdeiro
E a guaiaca sem dinheiro da lida de domador