A Caveira e o Palhaço
A caveira e o palhaço nunca vão se entender
Um quer a morte do outro, mas ambos vão morrer
Todo dia uma mãe chora a morte do filho
E o mundão nunca entra nos trilhos
Protejam-se dos tiros, protejam-se dos tiros
Isso não é justiça, irmão
Isso não é justiça não
Do que riam os homens? Do que eles acham graça?
Trairagem, adrenalina, trapaça
Quem marcou mais gol? Quem levanta a taça?
Meta a matar pra ser batida
Quem marmelar no bang paga com a vida
As peças ficam sempre mais pesadas
Atravessam as paredes, arrebentam almas
Toda noite a morte vai tentar te beijar
Uma hora ela consegue, ela vai te arrastar (vem)
De um lado tem alguém achando que tá correto
Do outro, alguém pensa que corre pelo certo
Olha só, que pergunta infeliz
Matar ladrão que roubou uma Honda biz
Não te fez herói, mas te deixou feliz (de novo)
Olha só, que pergunta infeliz
Roubar aquela chance, tirar 10 na mão do juiz
Não te fez herói (ã-ã), mas te deixou feliz
O palhaço vende droga pra favela e pros boy
A caveira entra nela e acelera
Quer derrubar de qualquer jeito
Mas só tem kamikaze ali botando o peito
Meteu a cara vai ter que pagar o preço
Cada um usa seu meio
O bagulho vai ser feio
Pra aquela caveira que deita, 30 palhaços caem
Morrem sonhos, morrem mães, morrem filhos e pais
Mas a droga chegou lá através de esquemas políticos
Eles se matam enquanto velhos raquíticos ficam mais ricos
O tal do Estado sempre quer mais
Milhões ainda é pouco, o palhaço quer dar o troco
A caveira quer ver o oco
Quem é mais esperto (quem?)
Ambos pensam que estão certos
Tem aqueles que jogam nas duas pontas
Crocodilagem com os mano
Só pra aumentar o saldo da conta
Cagueta pros polícia, entrega de bandeja
Valeta uns pedágio pra fazer um pé de meia
Crime mais polícia igual milícia
Cadê a perícia pra analisar o corpo?
Cadê a lei pra fornecer o socorro?
Cadê a justiça para o pobre do morro?
E cês aí, botando fé no Moro
Que tava de casinha pro seu próprio presidente
Não tem justiça aqui, vermes
Esse país é deprimente, vermes
Ontem tive um sonho, um pesadelo dos inferno
Uma caveira fardada e um palhaço de terno
Com espadas de fogo tentavam se matar
Demônios do além estavam lá para observar
Sem remorso, a cada golpe o pecador morria
A cada morte, o demônio sorria e aplaudia
Sangue por sangue nessa disputa louca
Vermelho carmesim vai tingindo a roupa
Mó breu, pouca luz, no meio disso tudo, onde está Jesus?
Mó breu, pouca luz, no meio disso tudo, cê quer ver Jesus?
Acordei suando, mas eu não devo nada, nada
Tô em paz na quebrada
Essa noite, quem é que volta para casa? (Quem?)
Ninguém aqui sabe nada!
A caveira e o palhaço nunca vão se entender
Um quer a morte do outro, mas ambos vão morrer
Todo dia uma mãe chora a morte do filho
E o mundão nunca entra nos trilhos
Protejam-se dos tiros, protejam-se dos tiros
Isso não é justiça, irmão
Isso não é justiça não
Fazer o quê? Fazer o quê? Fazer o quê?
Reclamar? Pra quem?
A culpa não é de Deus
Quem? Quem? Quem?
Não respeita ninguém!
Fazer o quê? Fazer o quê?
Reclamar? Reclamar? Pra quem?
A culpa não, a culpa não, a culpa não é de Deus
Quem?
Não respeita, não respeita ninguém! Ninguém!
A caveira e o palhaço