Fui às Sortes e Safei-me

João Monge

Fui às sortes e safei-me
Direito que nem um fuso
Não compreendo aquele uso
De fazer tudo aprumado
Ele há coisas que eu cá sei
Que só se fazem curvado

Fizeram-me a vistoria
Levaram tudo a preceito
Até me viram o peito
E um pouco mais ao fundo
Cada qual na sua vez
E tal como veio ao mundo

No fim já mais à tardinha
Deram um papel timbrado
Onde vinha o resultado
Não me davam qualquer uso
Fui às sortes e safei-me
Direito que nem um fuso

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