Roleta
Trouxe com ele o doce gosto a primavera
E um olhar verde-água em que mergulhei
Vi-me rendida ao sonho daquela quimera
E sem receios na sua lábia escorreguei
Diz o provérbio que a prudência nunca erra
Mas pés na terra não combinam com paixão
E como uma bala traiçoeira numa guerra
Partiu sem deixar rasto ou justificação
Lanço ao vento as cinzas deste fado
Cinzas de um amor tão promissor
Lanço e fica o caso arrumado
E preparado o coração pra novo amor
Trouxe com ele a fala doce de poeta
E eu, pateta, derretida, pois então
Joguei as fichas todas naquela roleta
E ainda balanço agora o meu coração
Há mais marés que marinheiros, diz o povo
E eu confio na sageza popular
Sigo, sem pressa, o desejo de algo novo
Um bem-fadado fado ainda vou cantar
Lanço ao vento as cinzas deste fado
Cinzas de um amor tão promissor
Lanço e fica o caso arrumado
E preparado o coração pra novo amor