O Bom Samaritano
Havia um certo senhor
Que um dia foi assaltado
E quase sem nada ficou
Caído, largado no chão
E tanto apanhou do ladrão
Que quase morreu o coitado
E quase sem nada ficou
Caído, largado no chão
Mas eis que passando por perto
Descia bastante apressado
O homem da religião, o homem da religião
E ao ver o que fora assaltado
Passou bem de longe ao lado
Mais fácil fugir da questão
Mais fácil fugir da questão
Também passou perto o senhor moralista
Educado e gentil que ele é
Mas não acudiu ao coitado
Afinal ninguém sabe quem ele é
E entre a moral e a miséria
Não houve a ponte do amor, do cuidado
Mais fácil fingir a questão
Mais fácil fingir a questão
Havia um certo senhor
Que um dia foi assaltado
E quase sem nada ficou
Caído, largado no chão
E longe, bem longe, passou
Senhor moralista, apressado
E o homem da religião
Deixou-o caído no chão
E andando no mesmo caminho
Descia o bom samaritano
Aos olhos de muitos judeus
Alguém desprezado como ser humano
E ele parou seu percurso
Desceu e ajudou o ferido
Gastou do seu tempo e dinheiro
Tornou-se ajudante, mostrou-se querido
É bom resolver a questão
O amor soluciona a questão