Árvores
O ar que respiras sem dares por conta
Os ramos que trago eu te ofereci
A fruta madura em tuas mãos de criança
Lembranças da gente, tempo não levou
Sementes nos cestos daqueles que plantam
Tempero e perfume, sou bálsamo e cor
Eu sou testemunha de amores jurados
Dos nomes de namorados gravados em mim
Sou eu que anuncio a chegada do vento
As pipas ligeiras correm para o céu
Coragem se prova subindo em meus galhos
Do alto a paisagem é melhor de ver
E quem não falou uma prece de graça
Na sombra aos meus pés, no ardente calor
A minha florada, os ninhos, os cantos
Decerto tornaram belos teus dias aqui
Pressinto que alguma coisa vai me acontecer
Eu sei que eu tinha muita vida ainda pra viver
Sou presa fácil do egoísmo de quem tudo quer
Queria seguir meu destino que é morrer de pé
Sou berço e moinho, sou teto e lagar
Sou barco, sou ponte, piano e viola
Segura nas mãos de teus filhos agora
E plante outra árvore no meu lugar