Pai do Ferreirinha
Chegou o circo de rodeio na minha cidadezinha
Era um circão de lona verde armaram bem na pracinha
Foi a maior novidade até nas cidades visinhas
Doze anos de idade naquele tempo eu tinha
Um caminhão saiu na frente atrás de uma charanguinha
Anunciando a estreia ao som de uma bandinha
Mas a grande atração era o potro redomão
Que matou o ferreirinha
Foi um grande reboliço as cidades se alarmou
Peões de todas as partes para lá se encaminhou
Lembro que naquele dia até o comercio fechou
As 5 horas da tarde o circo superlotou
Foi a maior gritaria na hora que começou
Todos os peões perguntaram o tal potro derrubou
O bicho virou um saci era montar e cair
Nenhum peão aguentou ai
Um velhinho mais ou menos de 55 anos
Desceu das arquibancada e foi da cerca aproximando
Pediu pra montar no potro num gesto de soberano
O circo silenciou todo mundo adimirando
E os peões que caíram pra perto foram chegando
Morrendo de dar risadas do velhinho criticando
Este velho esta maluco muntar neste potro chucro
Só pode estar caducando ai
O velhinho preparou as esporas sangradeiras
Passou pra cima do potro e mandou abrir a porteira
Deu um show de esporadas do pescoço as cadeiras
O potro se viu perdido tentou sair na carreira
Pulando e corcoviando mordendo na estribeira
Mas logo parou na espora se entregou na tremedeira
Quando não guentava mais virou de costa pra trás
Se estendendo na poeira
Foi uma salva de palmas todo mundo levantou
A façanha do velhinho ninguem não acreditou
Veio o locutor do circo do velhinho aproximou
Me desculpe da pergunta que vou fazer pro senhor
Talvez seja indiscreta mas ao povo interessou
Todo mundo quer saber de onde vem o vovô
Eu venho lá de pardinho sou o pai do ferreirinha
Que este potro matou ai