Ateliê de Marionetes
"Num pequeno vilarejo onde a noite cai
Onde a neve e o frio insistem em cair também
Um rapaz não só pois ao seu redor
Tantas são as companhias que ele mesmo fez
Criações que entalhou durante a vida
Repartida pelas vidas que criou com avidez
Tanto a casa, como o oficio ele herdou do pai
Lhe disseram que da mãe, a imaginação
Paz, lamúria e a dor, medo, angustia e amor
Se refletem nos bonecos que ele faz surgir
Passa tanta noite em claro inventando
Personagens que ele vai tirar de si
Traços que a madeira encobriu
Cores que o descuido inventou
Gestos que o barbante exige
Que o olhar corrige cheio de rigor
Pelo dom que toda agulha tem
Todos os retalhos fazem par
Vozes que ele guarda em si
Se fazem confundir pra uma nova achar
Se essa vida só lhe deu vazio e vazio lhe prevê
Ele decidiu ser tantos
Pra tudo que puder viver
A ânsia que ele tanto tem pra enfim conhecer
O que ele tanto imaginava
E só ele conseguia ver"