Violeiro do Sertão

Toin Gracioso

O ponteio da minha viola
É a alegria aqui do meu sertão
A moçada começa a dançar
O festeiro já serve o quentão
Vai até o romper do dia
Quando não tem o clarão da lua
Nóis acende o lampião


Se me chamam de caipira
Agradeço e até acho bom
Fui criado no meio do mato
Descalço e pisando no chão
Quando pego a minha viola
Já vem logo a inspiração
Na viola eu sou campeão


Eu levanto de madrugadinha
Pra cuidar das minhas criação
Tiro o leite pra fazer o queijo
Faço doce também requeijão
O terreiro cheio de galinha
Tem mandioca pra fazer farinha
Tem porcada lá no mangueirão


Lá na roça nóis planta de tudo
Tem de sobra o arroz e o feijão
Nossa terra é abençoada
Tem o trigo pra fazer o pão
A cana pra fazer rapadura
A carne não vai pra geladeira
É guardada no meio da gordura


Eu não troco essa vida na roça
Pra viver a vida na cidade
Aqui a gente não fala direito
Aqui a gente não tem faculdade
Preservamos nosso linguajar
A enxada é nossa professora
Nos ensina o B A BA


Quando for lá pra minha terra
Observe com muita atenção
Ao passar na velha porteira
Vai lembrar de um campeão
A história de um violeiro
Esculpida naquele mourão
Pra ficar na recordação
A história de um violeiro
Esculpida naquele mourão
Pra ficar na recordação

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