Das Bocas
Bocas
E verbos saindo das bocas
E bichos saindo das tocas
Meninas com bem poucas roupas
Paradas em esquinas
Ouvindo propostas
Com cílios postiços e carteiras falsas
Jogadas ao léo
Luas
E becos brotando das ruas
E veias saltando dos corpos
Encontros na cidade nua
Filtros de cigarro e seguros de vida
Pigarros, escarros e balas perdidas
No cartão postal
Ruínas nos quintais
Homens nas construções
Arranha-céus no cais
E sóis nos porões
Poros
E pares que pulam das pontes
E quadros que pedem as cores
Relógios, cristais e penhores
Executivos nos monomotores
Jovens cortando seus pulsos por nada
Mas há uma razão
Mas há uma palavra que serve pra toda desolação
Mas há aquele silêncio pelo qual todos esperavam
Portas de catedrais
Mares de solidões
Sorrisos virginais
E verbos saindo das bocas