Soneto de Intimidade

Vinícius de Moraes

Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em tomo dos currais.

Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

Trivia about the song Soneto de Intimidade by Vinícius de Moraes

Who composed the song “Soneto de Intimidade” by Vinícius de Moraes?
The song “Soneto de Intimidade” by Vinícius de Moraes was composed by Vinícius de Moraes.

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