Campo Ferido
Volmir Coelho
Ontem me sangrou os olhos
Ao ver um campeiro que eu conheci
Tropeçando pela rua
Gritando e assoviando já fora de si
Pelo jeito a amanhecido
Um taura perdido chamando a atenção
Dos carros que vem na avenida
Cruzando na esquina de chapéu na mão
Pedaço de campo ferido
Menino sem pai pela mão
Um taura no rumo do nada
Perdeu na calçada a própria razão
Ontem me sangrou os olhos
Mas hoje já nem choro mais
Porque eu também vim do campo
Mas sempre soube olhar para trás.
Eu também cruzei a esquina
Mas sempre de mão com o pai
Pois quem dele um dia esquece
Nunca sabe para onde vai