Catre Vazio
CATRE VAZIO
É triste a vida de peão,
lá nos fundões da fazenda,
sem o carinho da prenda
para fazer companhia;
disfarça durante o dia,
mas o silêncio da noite,
a paixão fazendo açoite
a vida perde alegria.
Quando a cigarra gagueja
entre os galhos do arvoredo
a solidão que dá medo,
traz a saudade que abate,
bombeia o vazio do catre,
lá nos fundões da fazenda,
sente ausência da prenda,
pra companhia do mate.
Dizem que o gaúcho é guapo,
quem afirma tem razão;
gaúcho só se acovarda
quando aperta o coração...
Pra quem perdeu o cambicho,
nos entreveros do amor,
nada mais triste que a dor,
no aconchego do ninho,
que aperta devagarinho
fazendo o taura sofrer,
sem poder adormecer,
pela falta de carinho.