Saudade
SAUDADE
Quando à tardinha se esvai em sombra
O rancho humilde é somente um vulto
Ela cansada mateia quieta
Todos os dias o mesmo culto.
Nessas distâncias ele se encontra
Talvez mateando numa pousada
A tropa em roda berrando anseios
Tristonho e só de olhos na estrada.
É ingrata a vida nessas ausências
Com esses ventos que vem e vão
A noite é maula pois trás recuerdos
E quando à ronda pior então.
Ele aos pelegos
Ela na cama
E a refletir-se em cada rosto
Uma saudade que enlerda horas
Lhe dói bem mais que frio de agosto.
Estão a soga por esta estaca
De amor sincero sem dimensão
Almas cortadas por uma faca
Que se embainha no coração.