Sombra Que o Vento Leva

Meu pensamento
Vive preso no passado
Quando eu tinha um lar honrado
E julgava ser feliz


Também recordo
Os momentos venturosos
Os bilhetes mentirosos
Da mulher que tanto quis


Recordo ainda uma igreja pequenina
Onde juramos conservar o nosso amor
Branca grinalda que tornou-se tão escura
No desespero de minha grande dor


Andei à esmo pelas noites de orgia
Matando as mágoas de meu triste dissabor
Estou vivendo como vive a sombra
Que acompanha o vento onde ele for


Meu corpo exausto desfalece pouco a pouco
E minhas rugas demonstram desilusão
Meus lábios frios outras bocas não aquecem
Jamais no mundo alguém terá meu coração


Vivo distante dos parentes e amigos
Ouvindo a voz de quem se espelha na razão
Jamais condeno a mulher que um dia
Mudou meu destino por uma traição

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