Vida da Gente
O galo canta e a nega me beija
Marmita tá pronta e eu vou trabalhar
Às cinco pego o meu trem lotado
Meio amarrotado, pra sete estar lá
Dou uma filada no jornal da banca
Olho o futebol e filmo a "Playboy"
Olha que eu sou gente fina, moço
Me desculpe, mas não sou herói
E sem dinheiro tomo a minha média
Pão francês na chapa mando pendurar
Portuga sabe que eu sou gente fina
Sou freguês da casa, não vou vacilar
Volto pra casa e a nega me chama
Seu amor é chama que me faz sonhar
Confesso que eu não me acostumo
Com os tombos que essa vida dá
Não é mole não
Pra encarar essa rotina
Tem que ser leão
A gente rala no batente
Pra ganhar o pão
A gente vive honestamente
Sem olhar pro chão
Mas não tem nada
A gente mostra no sorriso
Nosso alto-astral
Um churrasquinho no espeto
E lá vai um real
E desce uma cerveja pra ficar legal
Fim de semana curto samba
E sol na laje
Na caipirinha, eu esqueço a rotina
Encho a piscina, criançada faz a farra
E a nega bronzeia
Muito sem Deus não adianta nada
É o ditado que o povo diz
Pouco com ele, a gente faz a festa
Canta e é feliz