A Emboscada (part. Namaacha Special Choir)

Azagaia

Eles lutam pelo poder que está nas nossas mãos
Disputam, mas querem ver o sangue nas nossas mãos
E encurtam a vida que já é curta para nós
Fomos de crianças soldados a prostitutas da UNIMOS
Nós matamos irmãos, amigos, tios e avós
Cortamos tantas gargantas que acabamos sem voz
Enganados por acordos de paz assinados em Roma
E agora, será que o Papa vai descer até a minha zona?
Baixar o preço do chapa e fazer subir a pomba?
Branca como a paz antes de explodir a bomba?
Na cara, eu digo-vos a verdade na cara
O primeiro a matar o próprio irmão vou cuspir-lhe na cara
A verdade sobre essa gente fingida que mente na cara
Que para provocar uma guerra deixa a vida mais cara
Gente que se mascara com discursos democráticos
E depois entrega armas a jovens desempregados

Namaacha Special Choir
Com as velas no ar
E se acende a luz
Nesta noite irmãos
Ela nos conduz

Nesta emboscada estamos nós menos os que têm palácios
Cercados por cães ferozes que matam em nome dos seus salários
(Mercenários!)
Prontos para fazer mais uma vítima
E fixarem em 500 mil o preço de uma vida
Pergunta a mãe do Hélio se não chorou na despedida
Do filho que tombou na emboscada da política
Que nos deixa aqui em casa sem comida
Quando saímos atrás dela, achamos uma bala perdida
Ou uma loja partida pelo vizinho aqui do lado
Que para matar a fome não hesita em me chamar de rato
E atirar-me um pau para o mundo lhe chamar de gato
Quem sabe faz a hora, atenção que é chegada a hora
Os pobres vão queimar a casa e destruir a escola
Os ricos vão se preparar para vender a esmola
Enriquecer sem demora com empresas de reconstrução
Oferecem o problema e depois vendem a solução

Namaacha Special Choir
Com as velas no ar
E se acende a luz
Nesta noite irmãos
Ela nos conduz

Foi assim no Iraque, foi assim também na Líbia
Líbios mataram Khadaffi e acusaram a bíblia
Aquilo era amor de Cristo ou paixão petrolífera?
Se correr a NATO pega, se ficar pega a mídia
Imedia-mente a minha mente viaja
Imagino como essa gente quer que eu reaja
Sobem o preço do petróleo, querem que eu não suba o chapa?
Antes de matar o meu irmão, eu espeto-vos uma faca
Baza, fora daqui com essa ajuda envenenada
Prefiro andar a pé e não importar mais essa lata
Esse lixo do Japão que não cheira, mas mata
Eu não volto para a mata
E nem vou fazer da minha cidade uma mata
Antes pobre, mas com vida
Eu sou jovem cheio de vida
Não entro nessa guerra para acabar com a minha vida
Fora da minha terra ou vais acabar sem vida

Namaacha Special Choir
Com as velas no ar
E se acende a luz
Nesta noite irmãos
Ela nos conduz

Ya, nós vimos essa gente desde o princípio mano
Primeiro partilharam a África na Conferência de Berlim
Vocês sempre foram inimigos da nossa independência, man
Sempre quiseram os nossos recursos e nunca souberam pedir por bem
Vem aqui, pilham os nossos recursos
E depois dizem que nós é que não somos civilizados
Seus selvagens!
E quando nós conquistamos a nossa independência
Vocês não ficaram satisfeitos, não é?
Começaram a provocar
Começaram a promover intrigas entre nós, não é?
Deram meia dúzia de dólares a uns
Meia dúzia de dólares a outros para lutarem entre si man
E depois quando o Marechal quis acabar com essa merda toda
Mataram a ele quando estava a vir da Zâmbia, não é?
Não é verdade?
E depois uns ficaram pais da democracia por acidente
Depois criaram aqui elites capitalistas por acidente
E só ao preço dessa democracia falsa que não existe
É que nos deram a paz, não é?
Uma paz que faz de poucos muito ricos
E de muitos muito pobres né?
Mas vocês sabiam que essa paz não ia durar muito tempo, não é?
Sabiam ou não sabiam?
Sabiam que as desigualdades sociais
Mais cedo ou mais tarde iam trazer guerra, não é?
Aquela guerra que vocês querem entre nós para dividir-nos
Para serem vocês mais uma vez a ficarem com os recursos, não é?
E vocês nunca quiseram que nós tivéssemos educação, não é?
Antes não nos davam educação
E agora que tem que nos educar educam-nos mal, não é?
Para pôr filhos contra pais
Para nós não conhecermos a nossa própria história
A nossa própria cultura!
Mas agora não é a vez dos riquinhos a quem vocês sempre deram dinheiro
E nem é a vez dos ex-guerrilheiros que deixaram o líder vir passear a cidade
E prometeu-lhes o poder, mas nunca trouxe
Agora é a nossa vez! Agora é a vez dos jovens
E nós não vamos entrar em guerra não, porque nós é que trabalhamos aqui
E nós podemos sentar em casa e vamos ver o que vai acontecer, man
Nós podemos sentar em casa e vamos ver o que vai acontecer, man
Não há mais sangue aqui por vossa causa, ham?
Prestem bem atenção, nós é que vamos fazer a revolução
Os verdadeiros filhos da independência man
Os filhos de Deus man
E a quem a carapuça serviu, que se suicide!

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