Revolução já

Se te guiares pelo europeu, tu sempre serás pobre na vida
Ele sempre será o que monta e fabrica e tu o que compra e aplica
O que recebe a esmola e acredita que a Europa perdoará a dívida
Se copiares o americano, tu sempre serás off manigga
Ele sempre terá o nome do artista e tu o de fantoche que imita
Seja na voz ou na mímica, fotocopia duma cultura não se autentica
Tu tens sangue africano a correr no mapa do teu corpo
Nunca serás ariano, francês, americano ou outro
Outro, não de qualquer outro povo
África é selvagem aos olhos azuis, abre o olho
Importas paracetamol sim, tomas cloroquina
E o remédio de caracol da nossa medicina
Trocaste pela terapia que é made in China
Enquanto HIV dizima, tu esperas pela vacina
E não me admira a doença que mata a nossa economia
Pouco sangue nacional, padecemos de leucemia
E não adianta investir em soluções, aspirina
Quando voltar a dor de cabeça, vais pedir a guilhotina
FMI's induzem-nos a falsa democracia
Dão tanto poder por tanto tempo a uma minoria
Resulta em guerras de etnia contra etnia
Os pais da psicologia não sabem que o poder vicia?

Mais de 3 triliões de dólares de ajuda para África que não deram em nada
Africanos estão mais pobres que na altura que obedeciam a chicotada
Isso de ajuda internacional é uma história muito mal contada (mal contada)
Desde o fim da Guerra Fria que essa bendita ajuda não acaba (não acaba)
E os líderes africanos vão ficando mais fortes
Mais ricos e esnobes
A ajuda externa passa sempre pelos seus cofres
Africanos mais pobres
Importam mais fortes
BMWs e Mercedes sports
Não temos autonomia e a lavagem cerebral acontece todo o dia
Das novelas na TV aos eventos da telefonia
Vendem sonhos egoístas e são a melhor companhia
E andas sem companhia se gritares pela cultura
Transformada em mina, África da agricultura
Pobreza e democracia resulta em ditadura
E o ditador tem a cara de quem sabe fazer fortuna
Vendendo o continente mantendo a juventude burra
Bêbada e inconsciente a revolução é lúcida, atenta e exigente
Permanente, até vivermos numa África independente

Mas vocês são teimosos
Vocês precisam dum tira-teimas

Tira Teimas
O Sol nasce, mais um dia estou em casa
Bom dia, não sei, não tenho nada na mesa
Vida dura, vida miserável
Contar centavos e sonhar com uma vida estável
Agradeço, por cada refeição
Porque as vezes só aparece quando alguém me estende a mão
Sobrevivo entre a espada e a parede
Sem soluções, mas tenho fome e tenho sede
Sem formação porque eu tive que trabalhar
Falta pão porque o patrão não consegue me pagar
Porra, estou enjoado dessa história
Perdi a crença, pelos símbolos da vitória
Acreditei nas forças da mudança
Democracia, mas era tudo uma farsa
Hoje em dia, dirigentes abastados
E o povo, coitado, continua esfomeado

Eu proponho o fim da ajuda externa
E principio da liberdade no continente que hiberna
Ajuda África quem lança luz na caverna
Não quem conhece o Sol e só oferece uma lanterna
Ou pior, segura essa lanterna
E conduz-nos pelo caminho da dependência externa
O mundo é um supermercado não temos nada na prateleira
O que vale a matéria prima sem irmandade verdadeira
Continuamos divididos para os outros melhor reinarem
Melhorarem, as estratégias para nos educarem
Nos transformarem em clientes obedientes
Prontos para comprarem tudo que comercializarem
E o que se compra é também identidade
Em cada bem importado uma nova necessidade
Aprende a separar o desejo da necessidade
E para de trocar ouro por futilidade

Trivia about the song Revolução já by Azagaia

When was the song “Revolução já” released by Azagaia?
The song Revolução já was released in 2013, on the album “Cubaliwa”.

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