Cachorro magro
Às vezes, quem manda é ela
Quando ele fica exposto
Quando ele briga com ela
E não levanta o rosto
Se ele briga tonteado
E acaba aos cuidados dela
E ela não sai do seu lado
Ele ainda que humilhado
Não chora no peito dela
Tal e qual cachorro magro
Ronda ela na cozinha
Ela bota a mesa toda
E ele não pede a farinha
Senta no sofá pra ler
Notícia boba em voz alta
Quando não fica engasgado
Num recado de vizinha
Tantas noites sem paixão
Que não se abusam malícias
Ele volta pro sofá
Tenta de novo as notícias
Tenta um disco na vitrola
Que nem chega no refrão
Mas pedir perdão
Nas vezes que manda ela
O pai não gaba o gosto
Mas se ele briga com ela
E não levanta o rosto
Cachorro que ronda ela
Olhar de fome e mazela
E ela não sai do seu lado
E ele ainda um pouco zangado
Perdoa a sua cadela