Alguma Esperança

Nasce a noite do morrer da luz do dia.
Vive um homem do morrer de tantos outros
Sobrevive um lusco-fusco que anuncia
Um ciclone a sudoeste dos mais rotos.

Nasce a flor da morte lenta da floresta.
Vive o bicho do morrer de tanta planta.
Sobrevive um vaga-lume que anuncia
A escuridão de quem cala e já não canta.

Nasce um livre na revolta da prisão
Vive um homem muito preso à liberdade.
Sobrevive aqui ao pé a tentação
Anunciando a plena falta de vontade.

Nasce a noite do morrer da luz de dentro.
Vivem homens de apagar os candeeiros.
Sobrevive o nunca termos muito tempo
Que anuncia o nosso génio passageiro.

Nasce o fácil de não querermos o cansaço.
Vive a estátua que gostava de ser cristo.
Sobrevive o gatinharmos passo a passo
Que anuncia o reumatismo não previsto.

Anunciadas que já foram as verdades
Que restavam do desgosto e pouca esperança
Vive em nós um sonho belo de vontades:
Nasce agora, mesmo agora, uma criança.

Trivia about the song Alguma Esperança by Fernando Tordo

When was the song “Alguma Esperança” released by Fernando Tordo?
The song Alguma Esperança was released in 1984, on the album “Anticiclone”.

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