Mãe dos Outros
Sou Nego do Morro
Só fui no Peixoto ali
Três pãezinhos pra Preta que zela por mim
Filho do Chico
Que trampava no posto
Marido da Vanda
Irmã do Moacir
Sem desmerecer já conheço esse enrosco aqui
De tanta vontade de ser sangue frio
Um chute dois socos olhando nu no meu olho
Sou trabalhador da arte profissão enfim
Pega os documentos guardo no outro bolso
Já passou vizinho e me viu por aqui
Pra deixar que eu pegue solta meu pescoço
Lembro três como eu que sumiu por aqui
Um do Sanca Nambi outro ali do Tamoio
Mal pressentimento sai
Da porta que vento
fez bater alerta
No meio do peito o aperto
Mãe preta
Angústia faz sofrer
Xango liberta
Do medo do sofrer
Tudo que possa trazer
Deve levar
Sangue onde escorreu
Lavar com lágrima
Fez destino seu
Do meio da treta apelo
Mãe preta
Deixou banho ervas Santa
Sagrada água
Panela a ferver
Se cisma com preto
Vai encrespar
Triste é mundo seu
Cheio de mágoas
Favela vai ferver
O que com vento vai
O vento faz trazer a porta