Nem Cais Nem Barco

O meu amor não é o cais
Não é o barco
É o arco da espuma
Que, desfeito, eu sou
É tudo e coisa nenhuma
Entre a proa e a bruma, o amor
É a lembrança que enfuna
Velas na escuna que naufragou
Não é no livro antigo o olor
De rosa que eu recebi
Não é a ode, a loa
Em Fernando Pessoa
Mas é a nostalgia
Do que eu não li
Não é o camafeu
Exposto na vitrine, em loja de penhor
Mas é o que doeu
No peito feito um crime
Ao homem que o trocou
É o olhar de um instante
Fixando o amante
Em plena traição
Que há em noivas degoladas no caramanchão
É o vulto de mulher
Há muito tempo morta
Em frente à penteadeira
É o vazio que a
Ausência dela ocupa ao ver sua cadeira
A chuva dessa tarde trouxe Tito Madi
E apenas eu ouvia...
Ah, o amor é estar no inferno ao som da Ave Maria!

Trivia about the song Nem Cais Nem Barco by Guinga

When was the song “Nem Cais Nem Barco” released by Guinga?
The song Nem Cais Nem Barco was released in 1991, on the album “Simples e Absurdo”.

Most popular songs of Guinga

Other artists of Samba