Assombração

No campo da frente das casas da estância
Gritou o quero-quero, anunciando a chegada
O perro criollo alardeou na distância
Ninguém entendeu aquilo por nada

O ermo do campo estendia-se em léguas
Nenhum andarilho se via chegando
Somente as tambeiras, potrilhos e éguas
E o pasto nativo seguia brotando

(São tantas as vezes que isso acontece
Os bichos pressentem que alguém vai chegar
E a gente que pensa, às vezes esquece
Que há coisas que os olhos não podem olhar

Barulhos de cascos chegando nas casas
E vozes que chamam por entre arvoredos
Imaginação que por vez cria asas
Ou velhos fantasmas na sombra do medo)

A voz das taperas chorando pedaços
De um tempo remoto, em que o pago era moço
Histórias do velho enforcado no laço,
Da moça encontrada no fundo do poço

Taperas, restingas, grotões, cemitérios
Herança de um tempo de adaga e garrucha
Projeta incertezas, crendices, mistérios
No imaginário da gente gaúcha

(São tantas as vezes que isso acontece
Os bichos pressentem que alguém vai chegar
E a gente que pensa, às vezes esquece
Que há coisas que os olhos não podem olhar

Barulhos de cascos chegando nas casas
E vozes que chamam por entre arvoredos
Imaginação que por vez cria asas
Ou velhos fantasmas na sombra do medo)

Trivia about the song Assombração by Jari Terres

When was the song “Assombração” released by Jari Terres?
The song Assombração was released in 2005, on the album “De Rédeas Na Mão”.

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