Versos de Toda Crina
Trago na alma a essência de campeiro
que desde a infância para mim foi profissão
domei tropilhas para senhores de estancias
dormindo em catre no recanto do galpão
Não tenho estudo mal e mal assino o nome
mas pra cantar o pensamento se destrincha
pois Deus me deu além do oficio de campeiro
um peito forte que nem argola de cincha
Quando me pedem pra cantar de pronto eu canto
trago comigo doze braças de argumento
falo de tropas de cavalos e bochinchos
versos crinudos que se trançam tento a tento
Peço desculpa se meu linguajar campeiro
não é do gosto de moçitos diplomados
mas fui criado mordendo oreia de potro
nasci reiuno raposeno e abagualado
Por isso eu peço ao capataz da estancia grande
pra entrar no céu eu mando um chasque neste instante
que não se assuste se acauso eu chegar gritando
com uma tropilha de bagual solta por diante