PRA CURAR A DOR DO MUNDO.
No clarão de Zambiapungo
Malungo deitou pra Tempo
Macura Dilê, meu dengo
Tempo macura Dilê
Quem curou a dor do mundo
No tronco da gameleira
Fez mingau de carueira
Canjica no Canjerê
Bota o mel no coco verde
Não breca o bote da onça
Chama o caboclo de lança
Faz moqueca pro erê
No clarão de Zambiapungo
Malungo deitou pra Tempo
Macura Dilê, meu dengo
Tempo macura Dilê
Não sabe onde o sonho cessa
Quem na mata a fera amansa
Pra vida bate cabeça
Dribla a morte enquanto dança
Alimenta o tambor
Dá o doboru de Kavungo
Mugunzá e orobô
Pra curar a dor do mundo
No clarão de Zambiapungo
Malungo deitou pra Tempo
Macura Dilê, meu dengo
Tempo macura Dilê
E se 'tiver com muita água é só deixar
Tempera ele e deixa ele cozinhar que ele vai apurando, 'tá
Sem tampa, com a tampa, com a panela destampada
Tempo espalha a semente
E o pão que a mão amassou
Passado ampara o presente
Futuro é de quem lembrou
E sabe que tempo passa
O tempo nunca adormece
Zaratempo só abraça
Quem no tempo permanece
No clarão de Zambiapungo
Malungo deitou pra Tempo
Macura Dilê, meu dengo
Tempo macura Dilê
No clarão de Zambiapungo
Malungo deitou pra Tempo
Macura Dilê, meu dengo
Tempo macura Dilê
Macura Dilê, meu dengo
Tempo macura Dilê
O que eu vi sou Eu
O que eu senti, o que eu sofri, sou Eu
Sou Eu quando eu quero, até quando eu não quero ser
Por isso Eu só morro quando o meu samba morrer
Sou Eu andando fora da linha
Sou Eu andando nos trilhos
Sou Eu no sorriso dos meus antepassados
E também no sorriso dos meus filhos
Sou Eu na dor e no prazer
Por isso eu só morro quando o meu samba morrer
Eu sou a força da minha mãe e fraqueza dela também
Eu sou a alegria do meu pai e a tristeza dele também
Sou novo, tradição
Sou rap, samba no pé
Soldado filho de Ogum, certeza do meu Axé
De tudo o que passou por mim
Eu sou o que eu posso ser
Por isso eu só morro quando o meu samba morrer