Cinema Mudo
Pelas linhas do horizonte
Segue o tempo estradeiro
Escrevendo nossa história
No caderno dos janeiros
Em cada curva da estrada
O seu conto rotineiro
O escritor do destino
Faz do velho um menino
E dá lembrança a um roteiro
E a gente busca distante
Pedacinhos de saudade
Colhemos belos momentos
Brilhos de felicidade
Retalhos de ilusões
Fragmentos de vaidades
Doces amores perdidos
Que um dia foram vividos
Nos campos da mocidade
Um carro de boi cantando
Ecoa no baixadão
Os rodeiros vão traçando
Sucos na imaginação
Candeeiro chora triste
Sentindo no coração
O ponteiro do chocalho
Que vai abrindo atalhos
Trilhando a recordação
São tantas histórias, moço
Em páginas ofuscadas
Escritas com precisão
Com talento desenhadas
Se alguns borrões contornam
A passagem relatada
É que tem alguém que chora
Lembrando tempos de outrora
Relendo a vida passada
O presente é o ás da vida
Mas nem sempre é enfeitado
A nostalgia tem do Sol
Seu reluzente dourado
É pena que não tem fala
Só o tema encantado
Onde a cena dizer tudo
Mas é o cinema mudo
O grande filme do passado