Terreirão Prateado
A prata do meu luar
É sem o brilho da ilusão
O abstrato da paisagem
Que retrata a imensidão
Vejo como um grande quadro
De formosa criação
Presente da natureza
Inebriante riqueza
Que enfeita meu sertão
Não tem beleza mais pura
Que no céu todo estrelado
Ver Três Marias passando
No terreirão prateado
Quando descamba uma estrela
E cai lá no descampado
Penso que atrás dos montes
Lá pras bandas do horizonte
Tem um reino encantado
A Lua quando está cheia
Tem um costume faceiro
Parece que até toca
Na copa do ingazeiro
Me escondo na saleta
E assunto sorrateiro
Só para não assustar
O encanto do luar
Visitando o meu terreiro
Urutau canta distante
Lobo uiva nas quebradas
Fecho os olhos e agradeço
Esta vida abençoada
Deus me deu um paraíso
Pra ser a minha morada
Sem o luxo das mansões
E os tesouros dos patrões
Tenho tudo sem ter nada
Não tenho sabedoria
Pra dizer mesmo a verdade
Mas conheço de pertinho
A tal da felicidade
E sei que ela reside
Bem distante da cidade
Vivo muito, quero pouco
Sou apenas um caboclo
Na paz da simplicidade