Assim se cruza o inverno
nestas paisagens de campo, final de tarde na estância
embuçalo minhas ânsias na forma do coração
e os trastes de estimação, oreando pó sobre a cerca
aparando as folhas secas que vem dos galhos prá o chão.
a cavalhada da estância, começa a engrossar o pêlo
e um ventito faz sinuelo prá o rebanho da invernia,
a noite apequena os dias a cada dia que passa
e dos ranchos surgem fumaça com cheiro de nostalgia.
o piqueteiro do posto, "cavalo do peão caseiro"
tá sobrando nos arreios pelo estado que tem!
sabendo o que lhe convém, relincha fazendo alarde,
pra ganhar nos fins de tarde meia bolsa de azevém!!!
os ponchos deixam as malas em busca de sol e vento
com seus braseiros por dentro da baeta de lã grossa
o que era amargo se adoça no lombo da cavalhada
cobrindo o corpo da indiada onde o pampeiro faz moça.
mas isso é só o começo, nos campos de trevo e palha
inverno que é bom não falha em suacarga certeira
mas nos galpões de fronteira se pula de madrugada
prá ver o lençol da geada e matear frente a lareira.