Diáspora Negra (part. Jorge Aragão)
Lebaraô que me dê a luz do amanhã
Onirê que me dê a luz do amanhã
Ode Koke que me dê a luz do amanhã
Obaluaê que me dê a luz do amanhã
Yemanjá que me dê a luz do amanhã
Odoyá que me dê a luz do amanhã
Oxaguiã que me dê a luz do amanhã
Oxalufã que me dê a luz do amanhã
Vento que bamboleia a savana
Leva areia pras águas do mar
Sopra mornas canções africanas
Cantos de ir pra não mais voltar
Sonhos, sinais de versos dispersos
Ânsias de ancorações ancestrais
Mistos de multidões e desertos
E futuros que ficam pra trás
É a alma africana
Irrigando a savana que há dentro de nós, que há dentro de nós
O instigante mistério de antigos impérios
Ergue nossa voz e ergue nossa voz
Ecos da infernal travessia
Geram eletrizantes canções
Versos de alta filosofia
Metas de grandes revoluções
A diáspora negra embala e aconchega e até faz pensar, e até faz pensar
Olha o samba, olha a rumba, o reggae, a macumba, o mambo e ijexá
Olha o mambo e ijexá
Mais de muitos milhões desterrados
Desumanizados, lançados ao mar
Sem futuro, presente ou passado
Desmemoriados, pra nada lembrar
Mas no bojo vieram mistérios
De velhos impérios e cortes reais
De savanas, florestas, cidades
Trazendo verdades sobrenaturais
Veio no corpo da costa do ouro
Trazendo tesouros do povo de lá
Veia a alma do povo Iorubano
Trazendo os arcanos do oráculo Ifá
Daomé, Arada, Futa, Mina
Kano, Katsina, Ashanti, Savalu
Portadores dos saberes vivos
Das letras dos livros de Tombouctou
E hoje muitos milhões de esperanças
Celebram as heranças desses ancestrais
Carregando o passado na mente
E olhando de frente o que ficou pra trás
Carregando o passado na mente
E olhando de frente o que ficou pra trás
A alma africana
Irrigando a savana que há dentro de nós, que há dentro de nós
A diáspora negra embala e aconchega e ergue a voz, e ergue nossa voz
O portal do esquecimento no tempo se abre de par em par
Deixando o velho lamento é um alento pro alegre vento passar
Só pro vento passar, só pro vento passar, só pro vento passar
Carregando o passado na mente
E olhando de frente o que ficou pra trás